BR: O ministro Paulo Guedes, da Economia, avançou em seu estilo turrão durante a posse da nova diretoria do Banco Central, na manhã desta quinta-feira 14, em Brasília. Chegando no limite da pressão sobre o Congresso, para que a aprovação da PEC da Previdência projete uma economia de pelo menos R$ 1 trilhão nos próximos dez anos aos cofres públicos, Guedes ameaçou deixar o cargo.
“Se der acima de R$ 1 trilhão, eu digo que estamos numa geração de pessoas responsáveis e têm a coragem de assumir o compromisso de libertar filhos e netos de uma maldição previdenciária”, iniciou Guedes, para em seguida virar o sinal: “Se botarem menos, eu vou dizer assim: ‘Eu vou sair daqui rápido, porque esse pessoal não é confiável. Não ajudam nem os filhos; então, o que será que vão fazer comigo?’”, completou o ministro.
O jornal Correio Braziliense tem notícia detalhada a respeito.
Acompanhe:
O ministro da Economia,
Paulo Guedes, sinalizou que uma eventual desidratação da reforma da Previdência
poderá fazer com que ele deixe o cargo. Durante cerimônia de posse do novo
presidente do Banco Central (BC), parte da plateia ficou na dúvida se o comentário
foi brincadeira ou um recado para a classe política.
O governo federal encaminhou uma Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) que prevê uma economia de R$ 1,1 trilhão aos cofres
públicos em 10 anos. Parte dos economistas, porém, acredita que as mudanças no
Congresso Nacional devem amenizar bastante os efeitos, possibilitando ganhos de
R$ 500 bilhões no período. Guedes afirmou que, se isso acontecer, não será
possível implementar a alteração de regimes, de repartição para o de
capitalização.
Segundo o ministro, o sistema atual está falido e
não dá sustentabilidade às contas públicas para as futuras gerações. Guedes
comparou o cenário a um avião que vai sem combustível atravessar o oceano.
Enquanto a geração atual pula de paraquedas, as futuras gerações ficam na
aeronave e vão para o “inferno”.
“Estamos num sistema (previdenciário) de
repartição que quebrou. Faliu antes de a população envelhecer. Vocês querem
trazer seus filhos para isso?”, afirmou. “Se der acima de R$ 1 trilhão, eu digo
que estamos numa geração de pessoas responsáveis e têm a coragem de assumir o
compromisso de libertar filhos e netos de uma maldição previdenciária. Se
botarem menos, eu vou dizer assim: ‘Eu vou sair daqui rápido, porque esse
pessoal não é confiável. Não ajudam nem os filhos; então, o que será que vão
fazer comigo?’”, completou o ministro.
Guedes discursou de forma improvisada durante 40
minutos, mais do que o dobro do tempo das falas de Roberto Campos Neto,
empossado para o cargo (Leia mais na página 9). “Como ele fez várias
brincadeiras durante o discurso, não ficou claro se ele estava falando sério ou
não”, disse um dos economistas presentes.
O ministro também disse que a proposta do pacto
federativo é importante, mas admitiu que o envio pode ficar para outro momento,
se houver a sensação de que está atrapalhando a reforma da Previdência. Ele
ressaltou, porém, que o projeto faz parte de um plano abrangente para recuperar
as contas públicas de estados e municípios que estão quebrados. A matéria
propõe desvincular e desindexar as despesas obrigatórias do Orçamento Federal.
Ou seja, desobrigar que a autoridade pública gaste em áreas como saúde e
educação. Segundo Guedes, isso serve para dar protagonismo à classe política
sobre a gestão de recursos.