O jornalista Luis Nassif indica que Luiz Fux é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que implorou ao então Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, para que seu nome não aparecesse em delações. Trechos do livro estão na revista Veja deste final de semana, inclusive a revelação do plano de Janot para matar o ministro do STF Gilmar Mendes.
“Uma das passagens intrigantes no livro que Janot vai lançar, é sobre um ministro do STF que o procurou chorando, com receio do que sua mãezinha iria pensar se seu nome aparecesse em uma delação”, diz Nassif no Jornal GGN.
Nassif lembra que, em delação, o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) envolveria membros do Judiciário. “A perseguição a Gilmar Mendes demonstra claramente que os membros do Judiciário eram divididos entre inimigos e aliados. No Supremo Tribunal Federal havia três aliados da Lava Jato: Luiz Edson Fachin, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux. Do Rio de Janeiro – região preferencial de atuação de Cunha – são Barroso e Fux. Há um elo comum entre Cunha e Fux: o ex-governador Sérgio Cabral. No mensalão, Fux já tinha surpreendido, votando com o relator Joaquim Barbosa em todos os casos, menos no de Eduardo Cunha. Nesse caso, ele “matou no peito” e absolveu Cunha, afirmou Nassif.
Antes, em resenha sobre o livro Os Onze, dos jornalistas Felipe Recondo e Luiz Weber, o colunista Guilherme Amado lembrou que Fux é o protagonista de uma das cenas mais fortes da obra, editada pela Companhia das Letras.
O livro relata um episódio difícil para Fux, em novembro de 2016, quando ele chamou Rodrigo Janot a sua casa e, em sua sala, o interpelou: havia algo na Lava Jato que pudesse constranger o ministro?
O então procurador-geral respondeu que havia apenas registros de inteligência — informações não checadas e às vezes imprecisas que surgem durante as investigações — de encontros sociais com a advogada Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, preso semanas antes, e com o próprio Cabral.
“Fux então chorou, de acordo com testemunhas”, escreveram os repórteres.