Estava muito fácil para Bolsonaro – celebrar um acordo do Mercosul, que tanto desprezou ao tomar posse.
Hoje, a França jogou água no chope e mostrou um lado da realidade.
A porta-voz do governo da França, Sibeth Ndiaye, afirmou que, “por ora”, o país não está “pronto” para ratificar o acordo comercial concluído na última sexta-feira
entre a União Europeia e o Mercosul.
“Não posso dizer, hoje, que vamos ratificar” o tratado de livre-comércio, disse ela em entrevista à emissora
BFM. “Vamos olhá-lo em detalhe e, em função (desses detalhes), decidir.”
Não ficou claro nas declarações de Ndiaye, contudo, de que forma Paris poderia bloquear o processo de ratificação do acordo.
O trâmite passa obrigatoriamente pelo Parlamento Europeu, mas ainda parece estar aberta a discussão sobre se os Legislativos nacionais e regionais dos Estados-membros da União Europeia entrariam na jogada.
Mais tarde, o ministro francês do Meio Ambiente, François de Rugy, afirmou que o tratado “só será ratificado se o Brasil respeitar os seus compromissos”,
especialmente em relação à luta contra o desmatamento da Amazônia.
“A nova Comissão Europeia e sobretudo o Parlamento Europeu irão analisar minuciosamente esse acordo antes de ratificá-lo”, afirmou François de Rugy em entrevista à rádio Europe 1.
“É preciso lembrar a todos os países, entre eles o Brasil, de suas obrigações. Quando assinamos o Acordo de Paris colocamos em prática uma política que permite atingir objetivos de redução de emissão de gases de efeito estufa e de proteção da Floresta Amazônica”.
O acordo irritou em especial os produtores de carne da França, que temem os efeitos da entrada de produtos latino-americanos mais baratos no mercado europeu. Além deles, os ecologistas também estão inconformados, por criticarem a política ambiental do Brasil sobre o uso de agrotóxicos e o desmatamento.