BR: A interferência do presidente Jair Bolsonaro nas empresas estatais que têm a responsabilidade de serem concorrenciais no mercado aconteceu mais uma vez. Depois de ditar a suspensão do reajuste no preço do óleo diesel à Petrobras, nesta quinta-feira 25 ele atuou como interventor na área de comunicação e marketing do Banco do Brasil.
Pensada para o público jovem e, especialmente, para contemplar a diversidade que se acredita estar presente entre seus clientes, assim como na sociedade, o BB passou esta semana a veicular um filme publicitário na televisão mostrando atores e atrizes negros, com cabelos coloridos e tatuagens, representando as diferenças de estilos, comportamentos e visões de mundo existentes entre a população brasileira.
Bolsonaro não gostou. Ou melhor, detestou. Passou a mão no telefone e exigiu do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, que a campanha fosse retirada do ar.
Assim como fez Roberto Castello, o presidente da Petrobras que ao receber um pito sobre o reajuste no preço do diesel imediatamente atendeu a Bolsonaro, para apenas dias depois anunciar a majoração, numa aquiescência que custou R$ 32 bilhões em valor de mercado à companhia, Novaes também cumpriu a ordem de imediato. E fez ainda mais: demitiu o diretor de Comunicação e Marketing responsável pela campanha, Delano Valentim. De férias, ele já saber que terá de procurar outro emprego.
A interferência foi tão grosseira e direta contra as chamadas minorias mostradas, com naturalidade, no filme, que associações que aglutinam pessoas da raça negra e defendem pautas identitárias já protestam contra o recuo do BB por ordem do presidente da República.
O Banco do Brasil, neste sentido, poderá vir a sofrer boicotes orientados por essas associações.
A informação da interferência no BB foi divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, do O Globo.
Com a finalidade de apresentar os serviços do novo aplicativo do BB, a peça é tecnicamente correta e atraente. As imagens são acompanhadas de uma narração inspirada no bordão “teile e zaga”, que tem origem em um vídeo que viralizou na internet.
“O presidente Bolsonaro e eu concordamos que o filme deveria ser recolhido”, afirmou Novaes.
Complacente, o executivo não explicou, porém, sua responsabilidade, como presidente da instituição, pela veiculação. É costume nas grandes companhias que os presidentes assistam e deem seu de acordo a campanhas publicitárias antes da veiculação em massa.
Novaes preferiu sacrificar seu subordinado e ficar em sua confortável cadeira.
Como ele agirá na próxima interferência de Bolsonaro, agora o verdadeiro diretor de marketing do Banco do Brasil?
Assista à campanha proibida por Bolsonaro: