Após a reforma da Previdência levar 62 dias para passar em seu primeiro teste,
o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, mandou um recado duro ao
presidente Jair Bolsonaro. Maia disse que o governo precisa “fazer
política” e assumir a importância da aprovação da reforma da Previdência.
O deputado afirmou ainda que o próprio presidente hoje tem uma participação
“do lado negativo” e precisa ter clareza de que a proposta é boa para
o Brasil. “Ele (Bolsonaro) precisa ter certeza de que a aprovação da
reforma da Previdência é boa para o Brasil, boa para os brasileiros.”
Bolsonaro já disse em algumas ocasiões que, se pudesse, não aprovaria a reforma
da Previdência, mas sempre ressalvou que a medida é necessária para o Brasil. O
próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu a investidores em
Washington que o presidente não está apaixonado pela reforma.
Maia disse que o governo precisa dialogar e construir uma base de apoio.
“O governo não pode ter na base apenas o partido do presidente da
República”, avisou. Ele alertou que, numa democracia, o presidente não
pode impor suas vontades ao Congresso.
O Congresso, por sua vez, pode até votar sozinho, mas “chega uma hora que
precisa do governo”, disse o presidente da Câmara. “É importante que
o governo assuma esse papel, essa clareza. Ponha ar dentro do peito e diga ‘a
reforma é importante para o Brasil e para os brasileiros'”, afirmou.
Maia advertiu ainda que o governo hoje não tem votos para aprovar nem a reforma
da Previdência (que precisa de 308 votos na Câmara), nem qualquer outra
proposta polêmica. Para melhorar a articulação, o presidente da Câmara sugeriu
a Bolsonaro que seu governo “faça política”. “Não existe velha
ou nova política. Existe política”, disse Maia, que já protagonizou troca
de farpas com Bolsonaro justamente após o presidente criticar o que classifica
de toma lá da cá dos partidos em troca de votos no Congresso Nacional.
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